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Graduando em História - Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Para falar de embarcações na Bahia é preciso saudosismo, sentimento especial muitas vezes adquirido no simples ato de ler um bom livro sobre o passado baiano. Ainda mais especial se nele contiver iconografias que nos remetam a épocas que não vivemos, mas que nem por isso são menos apaixonantes.

Neste artigo, vamos compreender um pouco sobre as principais embarcações que navegaram e que continuam a navegar por essa bela Bahia, tomando como pressuposto as transformações náuticas ocorridas ao longo dos séculos.


canoa tupinambas
Canoa Tupinambás

Canoas tupinambás

Antes dos portugueses aqui aportarem, praias e rios da costa e interior baianos eram infestados de canoas esculpidas de um tronco só. No litoral, ficaram conhecidas como canoas tupinambás em alusão aos seus construtores.

Diversos cronistas antigos relatam a presença desse tipo de embarcação, conduzidas pelas mãos habilidosas dos povos originários. Eram nesse tempo, o principal meio de transporte e fundamental para a pesca de subsistência, mas também utilizada como veículo de guerra, portadora de lanceiros e flecheiros para combates inter-tribais.

As canoas tupinambás são as mais comuns dentre seus pares na Bahia, atravessaram os séculos e até hoje estão presentes em nosso litoral. Uma tradição que os escravizados africanos herdaram dos tupis, a arte de esculpir troncos de árvores e transformá-los em canoas, da qual se tornaram mestres.


estaleiro de saveiro
Estaleiro

Embarcações da Bahia Colonial

Com a presença dos portugueses, a Bahia foi sede de ampla produção de embarcações. A madeira utilizada era extraída da abundante Mata Atlântica e barcos grandes como naus, galeões e caravelas, além de pequenos como chalupas, batéis, esquifes e, principalmente, saveiros, eram fabricados nos muitos estaleiros entre a Baía de Todos os Santos e a Baía de Camamu.

Aqui também a mão de obra escrava se fez presente, e os novos mestres da construção de canoas se tornaram especialistas navais, capazes de fabricar todo tipo e tamanho de barcos. Seus descendentes ainda hoje produzem escunas e diversos barcos em madeira na região do baixo-sul, uma tradição que vem se perdendo com o tempo.


saveiro a vela
Barco Saveiro

Saveiros na Bahia

Os saveiros tiveram grande importância para a comunicação, transporte e escoamento de produções de todo tipo de mercadorias, incluindo gêneros de primeira necessidade como a farinha de mandioca, o principal alimento baiano nesse período.

Além da farinha, o fumo do recôncavo, produto de grande relevância econômica por ser cobiçado e comercializado na África em troca de escravizados, também necessitava ser transportado em saveiros para Salvador, para de lá tomar os rumos do tráfico negreiro.

Pode-se afirmar que foi a embarcação mais importante a navegar no período da colonização, pois também conduziu em seus porões o ouro branco, produto da plantation de cana e responsável pelo maior percentual da economia colonial.

O açúcar era transportado em saveiros a partir dos muitos engenhos espalhados no recôncavo, e navegando com suas enormes “velas de pano”, percorriam as malhas fluviais que deságuam na Baía de Todos os Santos e lhes conduziam ao porto de Salvador.

Navios à vapor e a modernidade

Com o advento da Revolução Industrial, as águas baianas foram palco de profunda transformação náutica. Os navios à vapor trouxeram consigo costados de aço, maior capacidade para o transporte de cargas, mais comodidade e conforto para o transporte de pessoas e, principalmente, mais velocidade.

Mas além das novas embarcações à vapor, a construção de ferrovias impulsionou o escoamento das produções por terra, fatores que contribuíram para que, pouco a pouco, os saveiros se tornassem obsoletos e desaparecessem das águas baianas.


Navios a vapor
Navios à vapor

A náutica do século XX

Muita coisa mudou em pouco tempo, um reflexo de novas tecnologias e matérias-primas derivadas do petróleo, que juntas revolucionaram o mundo e também os métodos de navegação.

Surgiram as máquinas, os “motores de centro”, “de rabeta”, “de popa", as embarcações construídas em fibra de vidro com um universo de formas e modelos, lanchas de todo tipo, veleiros monocasco, catamarãs, trimarãs, enfim, as viagens marítimas ficaram ainda mais velozes, melhor dizendo, muito mais velozes.

E o que dizer dos velhos e belíssimos saveiros? Ficaram ainda mais obsoletos, perdendo o que lhes restou de utilidade. Até as tradicionais canoas tupinambás que costumavam ser maioria nas águas baianas, foram sendo substituídas ao longo do tempo por canoas com a mesma forma, porém em fibra de vidro e não mais em madeira.

Se a vela foi a técnica que no passado singrava e enchia de beleza as águas baianas, hoje o ronco dos motores levam e trazem mercadorias e passageiros com mais conforto e velocidade aos seus destinos, fato incontestável.

Bibliografia

BARICKMAN, B. J. Um contraponto baiano: açúcar, fumo, mandioca e escravidão no Recôncavo, 1780-1860. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CARDIM, Fernão. Tratados da terra e gente do Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980.

JABOATÃO, Fr. Antônio de Santa Maria. Novo Orbe Seráfico Brasílico ou Chronica dos Frades Menores da Província do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1858.

OLIVEIRA, Maria Lêda. A história do Brazil de Frei Vicente do Salvador: história e política no Império Português do Século XVII. Rio de Janeiro: Versal; São Paulo: Odebrecht, 2008.

RISÉRIO, Antônio. Tinharé: História e Cultura no Litoral Sul da Bahia. Salvador: BYI Projetos Culturais Ltda, 2003.

SOUZA, Gabriel Soares. Tratado Descritivo do Brasil em 1587. São Paulo: Hedra, 2010.


catamara embarcacao
Catamarã

O transporte marítimo para o Morro de São Paulo

Alguns destinos baianos sempre dependeram da náutica para serem acessados, principalmente os que estão localizados em ilhas. O Morro de São Paulo, por exemplo, faz parte da ilha de Tinharé, e até a década de 80 do século passado, só era acessado por barcos à vela, à remo, ou embarcações de madeira movidos a motor de centro.

De lá para cá muita coisa mudou, todas as transformações já citadas acima se fizeram presentes no Morro de São Paulo, que viu seu sistema de transporte marítimo melhorar significativamente e impulsionar o turismo na região.

Nos anos 80 e 90, o turista levava até 10 horas para chegar ao Morro a partir do Aeroporto de Salvador. Era uma verdadeira peregrinação até Valença, para ainda embarcar numa navegação de quase 4 horas em barco de madeira e motor de centro, fora o tempo de espera entre os diversos transportes que eram necessários.

Hoje em dia tudo ficou mais fácil e muito mais confortável. Apenas dois transportes são suficientes entre o Aeroporto de Salvador e o Morro de São Paulo. Um transfer de aproximadamente 40 minutos te leva direto para o Terminal Turístico Náutico da Bahia, de onde saem modernos e confortáveis catamarãs para o Morro, uma viagem de apenas 2 horas e 30 minutos.

Vá ao Morro de São Paulo com a Bahia Terra Turismo, uma empresa especialista em Bahia! Desde 2006 levamos milhares de turistas aos mais diversos destinos baianos, com conforto, segurança e satisfação.

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